Educação 08.04.2019 voltar

Espectro do Autismo: várias faces de um mesmo transtorno!


            De acordo com pesquisas recentes, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) já afeta uma em cada 40 crianças. Trata-se de uma questão de saúde pública. O Autismo é uma condição do neurodesenvolvimento que ainda não tem cura e que atinge 4 vezes mais meninos do que meninas, estudos apontam cada vez mais para a predominância de fatores genéticos em relação às causas dessa patologia. Os sintomas tornam-se mais evidentes entre os doze e os dezoito meses de vida da criança e incluem prejuízos na comunicação, na interação social e a presença de comportamentos repetitivos. Entretanto, os primeiros sinais de autismo já podem ser observados a partir dos primeiros meses de idade.

            O diagnóstico ainda é clínico e baseia-se apenas no comportamento, mas o grau de comprometimento de cada paciente pode variar consideravelmente. O fato de serem portadores de características tão particulares faz com que os indivíduos portadores de TEA necessitem de atenção multidisciplinar para avaliação e proposta terapêutica adequada. Além disso, é comum os autistas apresentarem outros quadros clínicos, o que faz com que o tratamento geralmente envolva médicos e terapeutas das mais diversas especialidades. Dentre estes, destacam-se os fonoaudiólogos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, etc.

            De acordo com o DSM-V-TR (sigla em Inglês para Manual de Diagnóstico e Estatístico para Transtornos Mentais), publicado em 2013 pela Associação Americana de Psiquiatria, o Transtorno do Espectro Autista passou a distinguir-se por níveis de gravidade (daí o termo espectro), como segue: Grau 1 - Leve (exigindo apoio); Grau 2 - Moderado (exigindo apoio substancial) e Grau 3 - Severo (exigindo apoio muito substancial). Apesar disso, percebem-se diferenças significativas entre pacientes diagnosticados com um mesmo grau de Autismo.

            No Brasil, infelizmente, a maioria dos diagnósticos acontece quando a criança já está em idade pré-escolar e, não raramente, são os professores que percebem que há algo diferente no desenvolvimento da criança. Detecta-se apenas uma pequena parcela dos casos de Autismo antes dos três anos de idade, o que é prejudicial tanto para os pacientes quanto para seus familiares e cuidadores. No entanto, via de regra, nos casos em que alguma alteração no neurodesenvolvimento é percebida precocemente pelos pais, se faz necessária uma verdadeira maratona de consultas médicas até que a suspeita se confirme.

            De qualquer forma, o momento do diagnóstico é sempre bastante delicado para a família, pois a ideia de ter um filho especial pode parecer assustadora num primeiro momento. Assim como os pacientes, seus familiares também são diferentes entre si e apresentam as reações mais diversas diante da confirmação da patologia. Talvez pelo fato de ainda vivermos em uma sociedade cheia de preconceitos e limitações no que se refere à compreensão de todos os aspectos que envolvem o TEA. A inclusão das crianças acometidas pelo transtorno ainda precisa avançar e evoluir para além da legislação vigente. Nesse sentido, as famílias que vivenciam essa situação são apresentadas a uma realidade desconhecida e desafiadora, independente da estrutura de apoio que possuam.

            Por outro lado, um dos aspectos fundamentais para o sucesso no tratamento das crianças com autismo é a estimulação intensiva. Leia-se por sucesso a evolução de cada indivíduo, a seu tempo, comparado com ele mesmo. Os pais possuem um papel imprescindível nesse contexto e aproveitar as rotinas diárias como a hora de comer, a hora do banho ou a hora de dormir para estimular a linguagem e criar situações que promovam o vínculo, o contato visual e a atenção conjunta podem ser excelentes formas de intervenção domiciliar para incentivar o desenvolvimento de aspectos cognitivo-comportamentais. Por fim, vale ressaltar que o trabalho conjunto e a troca de informações entre pais, professores e terapeutas alcançam melhores resultados e proporcionam um ambiente de afeto e segurança, que é essencial para o desenvolvimento de qualquer criança.

 

Por: Raquel Ely - Co Fundadora e Diretora Presidente do UniTEA, o primeiro Instituto de Autismo da região da Serra Gaúcha  – para maiores informações acesse www.unitea.com.br - Educadora e Especialista em Neurociências aplicada à Linguagem e à Aprendizagem; Consultora em Educação Inclusiva e mãe da Sophia Carolina, diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista nos USA, aos 14 meses.

 

 


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